Afinal, o que é a mente desse Henry Ford, fundador da ford, ele não foi o que podemos chamar de homem convencional. Além de ser um grande empreendedor, e talvez antevendo o que aconteceria com o mundo diante a exploração do petróleo e metais. Sem contar a degradação ambiental por causa do gases emitidos pelos automóveis produzidos naquela época, e o que não mudou hoje em dia. Em meiados de 1915 os estojos das molas do for T já eram produzido com um tipo de glútem extraído do trigo. A partir dos anos 20 Henry Ford se interessa pela soja e contrata um jovem químico chamado Robert Boyer para aperfeiçoar o processo de construção de resinas e fibras para serem aplicadas em alguns lugares dos carros. E não poderia ser melhor essa parceria.
Ao que parece, eles conseguiram sim desenvolver um plástico de soja que teve diversas aplicações em seu negócio, que se desenvolveram ao longo dos anos em acordo com as possibilidades de desenvolvimento e aplicação. O processo de fabricação deste plástico de soja poderia ser, de acordo com o uso a que se destinava, enriquecido com fibras de celulose provenientes da Cannabis, extratos de madeira de pinnus ou mesmo trigo. O resultado final era em regra composto de 70% de celulose e de 10 a 20% de carboidratos extraídos da soja. Se se precisasse de ainda mais resistência, adicionava-se também a fibra de vidro. O processo de fabricação deste plástico, ao que parece, é relativamente simples e permitiu, assim, que as aplicações fossem cada vez mais múltiplas e variadas. Assim, utilizava-se o plástico de soja para porta-luvas, a manopla da alavanca de câmbio, botões de buzina, pedal do acelerador, tampa do distribuidor, forrações internas, volantes, painéis e até mesmo um protótipo de tampa de mala. Finalmente, Ford deu o passo seguinte, autorizou a construção de um protótipo de “carro de plástico”, com toda a carroceria construída neste material. A carroceria era composta por 14 painéis de plástico de soja fixados em uma estrutura modular ao invés de chassis com barras paralelas. Cada placa pesava aproximadamente 113 kilos e o carro inteiro ultrapassava os 1.100 kilos, bem mais que o equivalente em chapas de aço. Como o forte de Henry Ford também era a publicidade, ele exibiu com toda a pompa o espetáculo do primeiro carro produzido em plástico em 1941, com se pode ver no vídeo abaixo. Em janeiro de 1942, inclusive, ele recebe a patente de um processo de construção de um carro de plástico. Mas, no final daquele ano de 1941, sem que se saiba exatamente o por que, Henry Ford deixou de divulgar o carro de plástico. Deduz-se que houve algum conflito na mídia com o fortalecimento da DuPont e, claro, a Segunda Guerra Mundial. Além disso, a tecnologia ainda não era desenvolvida o bastante para permitir aplicações em massa e o próprio advento da indústria do plástico não reciclável, da qual a DuPont foi protagonista no pós-guerra, desestimularam maiores investimentos nesta área. Ao que parece, Henry Ford nesta história toda de carro de plástico (Hemp Car, como querem alguns) foi novamente grande em duas coisas: um grande homem de propaganda e mais uma vez muito a frente do seu tempo. Pois, neste tempos bicudos em que vivemos, com escassez de petróleo e forte demanda pro produtos recicláveis, é mais do que a hora de se retomar a idéia de um plástico reciclável a base de cannabis ou o que quer que seja.

Henry Ford e seu carro de cannabis



Ford tenta destruir, em vão, a carroceria de plástico de seu protótipo, 1941.


Abaixo, o carro de cannabis em demonstração.





Para quem quer entender a “química” da coisa, ou seja, do plástico de cannabis, visite este site.